quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

MODELOS DE LIDERANÇA (1ª parte)

GRAÇA E´PAZ! Agora vamos nos debruçar sobre a temática Liderança. O que sabemos é que no Homem existe uma busca de sentido para a vida. E esta busca envida todos os esforços possíveis para alcançar as suas respostas essenciais: "VERDADE e FELICIDADE". Em meio às diversas tentativas, o Homem apóia-se em figuras proeminentes, que se destacam por ações e fatos determinantes, pelos seus Dons e Carismas, que emanam do alto, e que convergem em força suficiente para assegurar a outros Homens uma oportunidade de conquistar as mesmas respostas. Estas figuras são, então, denominadas de "LÍDERES", OU 'HERÓIS', e quem sabe de "SANTOS", pelo fato de conseguirem de alguma forma traduzir no íntimo humano a certeza de preenchimento e segurança. Eis a base desta formação específica de Liderança. Vamos declinar sobre alguns Modelos importantes de Liderança: MOISÉS e PEDRO. Começaremos pelo primeiro modelo, MOISÉS. O segundo será debruçado na próxima formação. quero colocar que o conteúdo desta formação esta alocada no meu Livro "MANUAL DO LÍDER SERVIDOR".
Na busca da caracterização do nosso Modelo, temos que nos basear em um estudo histórico sério, não apenas nos relatos narrados pela Bíblia, mas, e também, na aproximação histórica com o Império Egípcio, principalmente no Médio Império.
Estudos arqueológicos nos remontam a períodos compreendidos na ‘Idade do Bronze recente’ (BR) , ou seja, uma variação de datas entre os séculos XV a XII a.c. Entretanto, a grande maioria dos estudiosos concordam que o período mais exato para o acontecimento do Êxodo fora especificamente o período do século XIII, que é o da 19ª Dinastia, sob o reinado de Ramsés II , pelas evidencias arqueológicas de que os ‘apirus’ estavam situados e trabalhando próximo a Capital do Egito, nesta época Avaris, denominada de Ramsés .
Nos mais variados estudos sócio-étnico-culturais, têm-se conhecimento de que naquela região a faixa etária do Homem era de, no máximo, 45 anos. Por seu conteúdo podemos analisar dois fatos: 1) Moisés recebeu um grande milagre de longevidade por parte de deus (120 anos); 2) O período assinalado na Bíblia possui apenas contexto simbólico.
Entretanto, a única unanimidade entre estudiosos no assunto é que quando iniciou a sua caminhada no Êxodo, Moisés tinha, provavelmente, 32 anos. Outro ponto bastante importante é que Moisés fora devidamente educado na corte egípcia, cuja acepção decorre de seu próprio nome, que possui base egípcia, possuindo uma tradução correspondente a “Filho” .
Nesta situação histórica subtende-se que Ele cresceu entre palácios e divindades, teve acesso ao saber, cultura e à religião do principal Império da época. Fora treinado em suas artes, ciências e filosofia. Observou e vivenciou a grandeza da sua nação, acostumou-se a sua riqueza e ao seu brilho, nunca teve quaisquer privações, por estar devidamente integrado na sociedade egípcia, já tinha uma ótima orientação sobre liderança, mediante os extensos conhecimentos egípcios acerca da administração, bem como ao figurar como príncipe, possuía certa importância e influência na corte .
Quanto à concepção religiosa de um único Deus, possui uma boa base histórica, mediante a ocorrência, em um período anterior, do Monoteísmo egípcio, proporcionado pelo faraó Acnaton, que possivelmente exerceu alguma influência sobre Moisés, visto ter acesso ao conteúdo cultural dos egípcios, teve também, conhecimento da referida reforma religiosa do culto ao Deus sol .
Após trinta anos de uma salutar convivência, ocorreu o inesperado, seu mundo de riquezas e soberba desabou, tornou tudo o que tinha construído em verdadeira ruína. Matou um Egípcio, o que contrariava a legislação proclamada pelo próprio Faraó, que era Deus diante dos homens, e que tal desobediência poderia acarretar vários descontentamentos e possíveis rebeliões internas . Tornou-se fugitivo de sua própria terra, direcionou-se para o deserto, com o objetivo de perder a vida. Figurou-se de um ilustre Príncipe do Egito, para um pleno desconhecido. Nisto o glamour da ostentação do convívio com a nobreza deu lugar à companhia de bando de animais de terceiros. DEUS tirou Moisés do Egito, mas o que realmente queria era tirar o Egito de Moisés, exatamente na experiência do deserto, onde a vida de um homem não consiste em abundância de bens, tomou-lhe tudo, e o tudo, para dar-lhe o principal: ADORAÇÃO. Por isto, é válida a experiência futura de condução do povo de Israel, pelo mesmo deserto.
Em segundo lugar, mostra-se que a sua real missão seria mais do que tirar um povo da escravidão; deveria conduzi-lo ao encontro com deus: “(...) este será o sinal de que EU te enviei: depois de haveres tirado o povo do Egito, servireis a deus neste monte (...)”. O sinal não seria o sucesso do empreendimento, mas sua consagração ao deus que chama e envia.
Em uma idade superior a oitenta anos, Moisés não era à sombra do que fora, onde seu dia-dia resumia a cuidar do rebanho de seu sogro, ‘Jetro’. O deserto, lugar de isolamento e luta pela própria sobrevivência tornara seu ambiente próprio e sua companhia. Tinha visto de tudo, até se encantar com uma sarça que ardia sem se deixar consumir. Deus estava na sarça, onde o próprio Moisés percebeu o fenômeno e temeu aproximar. Deus falou com ele e mandou-lhe retirar as sandálias, pois o chão que agora pisava era SANTO .
Moisés foi chamado para levar o povo de Israel a cultuar: “(...) irás, com os anciãos de Israel, ao rei do Egito e lhe dirás: ‘o Senhor, o DEUS dos Hebreus, nos encontrou; agora, pois, deixa-nos ir a caminho de três dias para o deserto, a fim de que sacrifiquemos ao Senhor, nosso DEUS (...) ”. Precisou descer as profundezas da humilhação, sem palácios e ídolos, para descobrir que o deus do céu não habita em obras de mãos humanas. Sua majestade não está nas riquezas de seus templos, mas na identificação com os oprimidos pelos impérios mundanos, para fazê-los povo exclusivo e propriedade particular. DEUS apresentou-se como DEUS dos antepassados e comissionou Moisés para tirar os Hebreus da escravidão do Egito. Tocou-lhe a ferida. Fez-lhe lembrar dos dias áureos e do desmoronamento de tudo quanto, uma única vez, tentou proteger um Hebreu contra um Egípcio. A reação de Moisés foi reticente, bem aos moldes da reatividade profética ante a complexidade do chamado divino: “(...) não sei falar direito (...)” . Sabia que não era apto, por si mesmo, para a tarefa árdua, quer pela idade que possuía, por sua fragilidade corporal, e para piorar, ainda era um fugitivo da terra a qual direcionava como libertador. Como voltar e assumir tão profundo desafio?
DEUS disse: “(...) Eu sei o que meu povo está sofrendo (...)” . Não pediu a Moisés que esquecesse o seu passado ou que considerasse as vantagens de uma proposta promissora, alegou saber o que se passa com quem sofre.
Sabia como Moisés se sentia. DEUS não o contradiz, mas revela: “(...) estarei contigo (...)” . O DEUS que chama é o mesmo que capacita e acompanha, orienta e abençoa, fortalece e dá a vitória. Acompanhou-o em todos os momentos, e o sustentou-o quando imaginou estar só e ainda tinha um propósito todo especial para o seu coração. Aos oitenta anos? Sim, nunca é tarde.
A figura demonstrada pela bíblia sobre Moisés é por demais esplendorosas, sendo-lhe imputados vários atributos:
a) Negociador (primeira missão estabelecer bases para a libertação do povo com o Faraó);
b) Operador de prodígios (as transformações iniciais diante do Faraó, do sangue no Nilo por sua vara, etc.);
c) Especialista em logística (condução do povo no deserto);
d) Mediador (aliança com deus);
e) Legislador (Dez Mandamentos);
f) Comandante-chefe militar (batalhas contra Amalec e Madiã);
g) Designador vocacional (escolha dos levitas, utensílios sagrados);
h) Juiz (contendas entre o povo);
i) Profeta (previsão 10 pragas do Egito, etc.).
Mas se elaborarmos uma análise perfeita, podemos designá-lo, simplesmente, de Líder. Entretanto, mesmo com todas estas qualidades não é lícito dizer que Moisés foi adstrito de dificuldades, pelo contrário, quanto maiores às responsabilidades, maiores também, as dificuldades correlacionadas.
Mas fica-nos o questionamento de o ‘Por que’ destas dificuldades? A resposta fica evidente ao debruçar acerca da própria história do povo Hebreu, em uma leitura bíblica, podemos observar que a chegada dos Hebreus ao Egito ocorreu por intermédio de ‘José do Egito’, um dos doze filhos de Jacó ou Israel .
Onde esta estadia harmoniosa perdurou um período de mais de 04 (quatro) séculos, conquistando um bom relacionamento com os egípcios e que lhes ajudou a prosperaram. Logicamente houve uma intensa assimilação da cultura de seus anfitriões por alguns dos Hebreus, porém, não por todos .
Fato devidamente comprovado pelo fato de quando da saída do Egito para ir ao deserto, muitos dos Hebreus preferiram ficar no Egito, devido à ocorrência de matrimônios, que geraram filhos e bens, e, portanto, é obvio que a medida das gerações no cativeiro dilui-se a própria identidade, a consciência histórica e a esperança em um futuro, em suma perde-se a Fé. Não mais se lembravam das antigas promessas feitas aos patriarcas, como visto na Bíblia, sequer lembravam o nome deste deus.
Por isto, é que tendo toda esta ciência é que ousa Moisés a questionar a DEUS, como responderia aos Hebreus se lhe perguntassem sobre quem o havia enviado. Haveria algum nome a dar?
Sabiam que houve alguma experiência com o Patriarca Abraão, que teve encontros com um ser denominado de “El Shadday” (Todo Poderoso). Em relação a Isaac pouco se tinha na memória, apenas o seu sacrifício. Em relação a Israel, apenas algumas histórias, mas com um ar confuso.
Então, quem seria este DEUS, que após quatrocentos e cinqüenta anos revelaria-se a um povo sem pátria? A resposta é evidente e conhecida: “Eu sou quem Eu sou!”, e mais: “YHWH, o DEUS dos antepassados, e este é o meu nome eternamente”.
Da mesma forma, para Moisés era difícil aceitar toda a esta situação, mesmo sendo um enviado pelo próprio deus para libertar o povo Hebreu da escravidão, tinha uma plena ciência de sua história de vida, regida pela cultura e a religião egípcia, e por isto como lhe era sofrido corroborar na ira de deus sobre muitos de seus amigos e conterrâneos. Por causa desta situação, para alguns Hebreus ficava certo ar de desconfiança na atitude daquele que teria vinda em seu auxílio. Ademais, para dificultar a situação de conflitos existentes durante a caminhada do povo de ‘Cerne Dura’, os contrários, a liderança de Moisés, tinham ciência de que o libertador possuía vínculos com os seus algozes senhores, a partir do nome de Moisés, como dito acima, tinha característica egípcio, nome dado quando do seu batismo, seguindo os rituais egípcios de nascimento das crianças, utilizando o nome de um deus egípcio como prefixo, seguido pela raiz ‘msés’ . Mediante este conhecimento é que houve a modificação do nome de Moisés para uma forma mais hebraica .
Outro ponto culminante para favorecer os diversos conflitos entre Moisés e o povo no deserto, fora o pleno desconhecimento do povo acerca de quem era Moisés, ou seja, tendo sido educado como egípcio jamais teve contato com o povo hebreu que era escravo, somente seus irmãos é que tinham consciência de sua real natureza hebréia.
Também outro fato marcante nas desavenças no deserto esta na insinuação na sarça de Moisés para deus: “(...) não sei falar direito (...)”. Aqui historiadores revelam que a sua dificuldade de falar estava na pouca habilidade da pronuncia hebraica, pelo tempo de educação egípcia, que lhe tinha tirado a capacidade de ter um bom conhecimento da língua nacional, o que de fato lhe diminuiria a influencia do povo visto não possuir domínio lingüístico para se expressar, o que lhe causava desconfiança em suas designações .
Para aumentar o grau de dificuldade no trato com o povo, este libertador possui atitudes que contrariavam a cultura hebraica vigente, no que tange a miscigenação, que era uma orientação de não se contaminar com o povo pagão, pois tinha contraído matrimônio com uma mulher pagã.
O que lhe era apresentado era muito mais do que uma missão, era uma Revelação, uma boa notícia. Este novo nome tornava plena certeza da identidade do povo, de sua história, de sua Fé. Não era apenas um deus de madeira ou de pedra, era o DEUS dos antepassados, dos oprimidos de Jacó, era o DEUS dos vivos.
Sendo-lhe revelada sua pura essência, Moisés aceitou o desafio, libertou um povo e o redimiu, bem como a si próprio (seu passado), curou suas feridas e seus traumas. Descobriu que ao servir, tornou-se o primeiro beneficiário deste mesmo serviço. Pela graça divina observou que ao ser instrumento de deus, lhe era, automaticamente, resgatada a sua dignidade, outrora perdida. Portanto, voltou a ser integro, já não necessitava de bens ou de pessoas.
No encontro, Moisés notou que fora chamado muito mais para olhar seu interior, pois como se tem ciência, um líder que não conhece a si mesmo, não pode conhecer seus limites e possibilidades, muito menos pode conhecer o outro em suas necessidades e particularidades .
Ao mencionar que não sabia falar direito, efetivou um enorme esforço e aprendeu que a força da palavra está em seu conteúdo e não em sua forma, e logicamente, a Palavra encontra sua forma definitiva não em estilos ou oratórias, mas na ENCARNAÇÃO do VERBO DIVINO, JESUS CRISTO.

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